Gostaria de iniciar este site escrevendo sobre os momentos de minha vida iniciática na O.I.C.D. e de que forma tive contato com a doutrina do Tríplice Caminho…
Ao escrever esse texto nunca houve a intenção de ser saudosista, pois vivencio minha iniciação com o Mestre Arhapiagha – F. Rivas Neto nestes 41 anos de jornada que teve início em 1979. Em 1983 fui iniciado e recebi os aparatos condizentes com a iniciação.
Pude constatar nesses anos todos que os momentos dessa vida são feitos de ciclos e ritmos, permitindo que nós constantemente refaçamos ou ressignifiquemos os ritos, os mitos, e tudo que contribui simbolicamente para nossa estrutura psíquica e espiritual.
Ser saudosista é demorar no ontem, sem construir no presente o futuro que almejamos. Nunca aprendi de forma diferente com o Mestre, afinal quem o conhece, sabe que ele é possuidor de mãos cheias de realizações positivas e nos forçava a também o ser.
O ressurgimento da Doutrina do Tríplice Caminho por meio do sr. Sete Espadas…
Depois de passar pelos ensinamentos dos ritos de Axé, chegou o ano de 1986. Naquele ano o Mestre nos falava que uma forte corrente indígena traria muitos conhecimentos a todos e aguardávamos este momento com uma certa ansiedade tão própria da juventude.
Chegado o dia, em um rito interno, “baixou” no mestre um poderoso Caboclo que deu o nome de Itingussu. Esse Caboclo falava muitas palavras indígenas, que inicialmente era de difícil entendimento. Para não perder nada, rapidamente, peguei uma prancheta e comecei anotar tudo, para depois entender melhor o que ele dizia.
O Caboclo disse que vinha de um tempo onde a natureza falava e todos entendiam, que o céu falava por meio do raio e do trovão, as águas das cachoeiras ao descer pelas pedreiras, os rios ao correr nas pedras, as chuvas ora fortes, ora serenas, os mares no ir e vir de suas ondas e as matas sibilando com os ventos, faziam-se entender pelos homens e animais que habitavam naqueles tempos.
O Caboclo ao iniciar o rito pediu uma tábua e traçou um sinal cheio de símbolos que também depois copiei (com a devida permissão do Mestre), e pude perceber naqueles sinais, formas ideográficas, onomatopaicas e mnemônicas e que só depois de muito tempo, consegui traduzi-las. Este sinal me marcou tanto que até hoje faz parte da minha história, pois incorporei o mesmo em minha dissertação de mestrado na academia, que fala sobre a Magia dos Pontos Riscados da Umbanda Esotérica.
Passados alguns dias, o Caboclo novamente incorporou e traçou um novo sinal de ordens e direitos de trabalho, lançando sobre os mesmos três ponteiros que lá ficaram durante vários anos. Surgia assim a Doutrina do Tríplice Caminho…
Disse o Caboclo que teria que fazer uma série de ritos e que também traria novos conhecimentos, para isso, teria de levar todos a novas fases sendo a primeira fase a de Ogum, onde todos seriam chamados e seus instrumentos seriam as 7 Espadas de Ogum…
Iniciava o ano de 1986 e o Caboclo 7 Espadas, começava seus trabalhos conosco. Primeiro, ajustou o posicionamento da corrente mediúnica, colocando cada médium em um local próprio. Naquela época, existiam duas fileiras para atendimento aos consulentes.
O Caboclo 7 Espadas iniciou seus trabalhos com a feitura de ritos de Amacys, pois precisava ajustar cada um dos médiuns com determinadas ervas para que tivessem maior contato com suas entidades de guarda. Os ritos aconteciam aos domingos, às 9:00 da manhã, uma vez por mês e com um Orixá (Ogum, Oxossi, Oxalá, Yori, Xangô, Yemanjá e Yorimá) por vez.
Todos passavam por sete rituais obrigatoriamente, e tive o prazer de ajudar em todos eles. Iniciávamos no sábado com a preparação dos sumos das ervas pelo mestre. Depois, montávamos na areia do Congá, tábuas em círculo com os devidos sinais dos Orixás e seus correspondentes. Lá depositávamos os frascos com os Amacys. Lembro-me que, depois de tudo iluminado e feito, ficávamos no fundo do templo observando tamanha paz que emanava de tudo aquilo.
Pela manhã bem cedo, eu passava pela casa do Mestre, pegava-o e íamos todos contentes ao rito. Foram dias de extremo aprendizado. O Caboclo 7 Espadas, além de nos agraciar com sua presença, ensinou-nos cada ponto cantado de caboclo, criança e preto-velho correspondente a cada vibratória e conforme fazia isso, passava por nossas cabeças aquele sumo de ervas tão precioso, cantando melodias que não saíram de minha memória até hoje. Depois de feito tudo isso, ainda levávamos para casa um pouco daquele sumo para nos banhar durante a semana. E que poder tinha aquele axé vegetal, meus amigos e irmãos…
O ano de 1986 transcorria e o Caboclo 7 Espadas dando continuidade aos trabalhos que veio fazer, ensinou-nos pela primeira vez a verbalizar os sons ou palavras de poder e que muitos conhecem como “makron” ou mantras. Iniciamos com o som da letra “A” e fomos em sequência com as vogais em relação aos centros de forças existentes em nosso corpo físico e astral e posteriormente ele inseriu as consoantes pertinentes. De forma paciente e carinhosa o Caboclo 7 Espadas fazia-nos entoar aqueles sons que impressionavam nossos sentidos e produzia profundo bem estar em todos.
Lembro ainda que para cada correspondente do Tríplice Caminho (a Criança, o Caboclo e o Pai-Velho), existia uma postura física toda especial e sempre com um fundamento específico. Para os que desconhecem esses sons, basta ver nos livros de nosso Mestre, o Pai Rivas, ou nos livros de nosso avô de santo, Matta e Silva, nos quais eles falam sobre os sons primevos ou elementares que deram origem a todos os demais. Esses sons estão intimamente ligados aos Orixás e seus elementos.
É meus amigos foram momentos de grandes aprendizados e confesso que eu quebrava a cabeça para entender tão difíceis ensinamentos passados pelo astral, apesar de nosso mestre sempre procurar nos fazer entender tudo aquilo e repetir, repetir, repetir…
Convido assim a todos os amigos a acompanharem este site.
Sejam bem-vindos!
Mestre Ygbere
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